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Relato de viagem
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(Diário) de Florianópolis ao Alasca - Page 11

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01/08 à 07/08 - CANADÁ -    ALASCA - PRUDHOE BAY             As primeiras noticias sempre são as piores, o meu amigo Arturo só vai comigo até Fairbanks, ele desistiu de alugar uma moto para ir a Prudhoe Bay, ele já tinha visto antes que com sua moto seria muito difícil para chegar ao fim da viagem. Ele fala com todos os motociclistas de Harley que encontra e estes dizem que ele vai quebrar a moto toda, dai a idéia de alugar uma moto.             Mas ele tem que voltar a Costa Rica para dar uma força nos seus negócios e também vai ter que passar por Nova York, creio que de Nova York ele vai despachar a moto de avião, pois na América central agora vai ficar ruim, tanto para ele passar sozinho, principalmente ele com a Harley toda incrementada e cheia de acessórios.             Para ele ficar me esperando 3 dias para que eu volte de Prudhoe Bay é difícil e caro para ele, agora estou sozinho, por minha conta mais uma vez. Arturo valeu em quanto durou, você cuidava mais da moto do que de você mesmo, espero que tenhas um bom regresso e que Deus te acompanhe nesta jornada de regresso. A página esta a sua disposição para escreveres tudo que quiseres, mesmo em espanhol, todos vão entender o que você escrever.....ASTA  LA VISTA AMIGO.......             Chego em Fairbanks e procuro hotel, o mais barato, me custou 75 dólares, acordo e como não sei o endereço da BMW aqui pago um táxi para me guiar ate lá. A BMW de Fairbanks é uma casa velha no meio do mato com motos na rua cobertas apenas com plásticos esperando seus donos. O dono, o mecânico e recepcionista são a mesma pessoa, um Sr.alemão de uns 60 anos que conhece as BMW como poucos.             O Homem me entrega as bandeiras que o Roberto (meu grande irmão que mora no Canadá) mandou para eu pegar com ele, pois senão teria que ir e voltar na casa do ROBERTO em Calgary.             As únicas informações que tenho e posso ter sem falar Inglês sobre como ir até Prudhoe Bay são obtidas na base do sinal, o resto que sei é o que li nos dois livros do Clodoaldo e do Marcos cada um escreveu um livro sobre a viagem que eles fizeram de Curitiba para o Alasca.             Vou num supermercado e compro uma Barraca, um saco de dormir, um colchão que é uma espuma grossa, uma caneca e muita sopa, e é claro, coca-cola para o meu rum, afinal comprei uma caneca e não é para beber café.             Volto na BMW e peço para deixar uma mala lá com as roupas que não vou usar e saio sem trocar o óleo da moto, filtros de ar e nem nada.             São 2:30 de sexta feira 27 de julho de 2001, os primeiros 60 km são asfalto ate Fox, ali abasteci novamente e enchi o galão de 8 litros que eu tinha comprado e agora ia amarrado na moto junto com as tralhas de camping, a moto ficou bastante esquisita.             Mais ou menos as 6 da tarde, ou seja, a noite entrei no circulo polar ártico, ali bati umas 50 fotos com as bandeiras do Brasil, de Santa Catarina e a bandeira dos Legends um grupo de moto de Harley do meu amigo Benneton, que ainda não tive o prazer de cumprimentar por seu noivado, obrigado pelo convite a mim e a Marta.             Saio dali e chego em Coldfoot ali tem gasolina, abasteço e armo a barraca pois o Hotel custa 145 dólares para dois e 125 para um. Fico observando o lugar, muitos caminhões, com máquinas esquisitas em cima, a comida é de primeira. Eu fico perguntando porque disto tudo, depois vejo muitos motoristas de caminhão comendo e assinando uma lista, este lugar nada mais é do que um posto moderno de diligências do passado. A comida e de primeira porque as companhias de petróleo oferecem as melhores comidas para estes homes que trabalham em regime atrapalhado, no verão não tem noite e no inverno não tem dia. A comida era salmão com sobrenome francês, e os cozinheiros, todos a caráter, todos de branco.             Ao lado do self service, havia um pátio que era lama e poeira pura, e foi ali mesmo, que eu esquentei uma lata de sopa, na saída do escapamento da minha moto, tomei dois runs e dei uma de raposa que queria comer as uvas e não as alcançava. Aquela comida de 25 dólares com sobremesa e uma cerveja não iriam fazer bem ao meu estomago. Assim dormi com mais 25 dólares no bolso, e o estomago roncando (tive a impressão que os roncos diziam "Pão duro miserável").             Acordei com minha barraquinha cheia de água dentro pois a noite choveu, o saco de dormir molhou bem como minhas meias e a jaqueta de gorotex que eu tinha usado como travesseiro. Tive que tirar o forro da jaqueta e usa-la do lado avesso.... eu ainda aprendendo.             De Fox a Coldfoot não usei a reserva da moto ou muito menos o camburão que levei cheio, agora eu tinha ate Prudhoe Bay 440 km, quando a estrada está seca você pode andar a 100km/h e com chuva 40 Km/h é o maximo, o Arturo teria chego até aqui com sua Harley com um pouco de sacrifício.             Dormi a meia noite e saio tocando a moto, as 9 horas da manhã sem comer nada. Hoje passei maus pedaços, onde a estrada tinha lama a coisa ficava preta quase fui ao chão duas vezes. Hora inferno, hora céu, encontrei um lobo na estrada que acompanhou minha moto por uns 100 metros, então parei e dei uma das minhas sobras de macarrão que tinha secado. Comecei a tirar umas fotos do bicho e nisto foi parando carros. Hoje passou por mim uma moto tiramos fotos um do outro para que todos saibam que lá estávamos nós.             Finalmente às 16:30 da tarde do dia 28 de julho, cheguei a Prudhoe Bay  a moto marcava 31.690km percorridos,  sem saber que aquilo era a cidade sonhada e idealizada para terminar um sonho. Confesso que fiquei frustrado, pois de Fairbanks até Prudhoe Bay não tem uma uma placa dizendo Prudhoe Bay. As placas falam de Deadhorse (cavalo morto). Esta cidade fica colada em Prudhoe Bay (a  cidade é uma merda) e tem tanto prédio e maquinário que você acha que está numa cidade, é carro para todo lado.             Você não vê ninguém na estrada a pé ou nas ruas, todos com o rabo dentro das pick up. Quando eu me dei conta eu tinha chegado, me deu uma raiva danada pois eu queria ter saboreado os últimos kilometros os últimos metros e centímetros. Tomei um gole de rum e fui onde o Marcos e o Clodoaldo bateram foto, em frente ao US POST OFFICE de Prudhoe Bay e em frente o General Store.             Assim tirei mais de 60 fotos e novamente a bandeira brasileira ficou ao lado da América, a bandeira dos Legends, Tubarões do Asfalto, Amazon Angels e até uma camisa do Megacycle. Ah também tirei com o lenço dos toupeiras do asfalto de Palhoça.             Depois de comprar muito souvenir, isqueiro para o Benneton pelo noivado dele, o isqueiro é um Zippo com o mapa do Alasca, e outro isqueiro para o Dr Luis Cardenuto, mais conhecido como Amorzinho.                 Agora tá na hora de voltar, são 6 da tarde, encho o tanque numa bomba que é um sarro, é uma casinha de madeira e por um buraco sai três mangueira uma de gasolina e duas de óleo diesel. Entrei na casinha e dizia, somente smart card ou visa, enfiei o cartão, e a bomba funcionou.             Agora tenho 440 km para voltar e preciso do galão cheio, a gasolina é branca e fede a querosene, eu fique pensando:  será que algum Brasileiro não andou aqui adulterando esta gasolina?????? Ali, bem debaixo dos meus pés, estava a maior reserva americana de petróleo, a gasolina era zero kilometro ou seja novinha.             Eu com a mente suja cheirei várias vezes a gasolina para ter certeza que não era outro combustível.             Quem não fala o idioma só se Fo......, porém , com meu sonho realizado eu posso gritar agora dentro do meu capacete....(ou melhor Cantar)....PODE POR MAIS ÁGUA NO FEIJÃO QUE EU ESTOU VOLTANDO...... TIRA O FEIJÃO DO FOGO QUE EU VOU DEMORAR!!!   MAS NÃO DEIXA O FOGO APAGAR  



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