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Relato de viagem
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(Diário) de Florianópolis ao Alasca - Page 16

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Falta Pouco!!! 27/09 À 12/10- PANAMÁ - MANAUS - AMAZONAS         Dia 27 de setembro embarquei em um mini-avião, tipo avião usado por pára-quedistas e vou atrás de minha Preta.(a moto). Depois de uma hora de vôo chego a Porto Abadia, rapidamente peço um visto de entrada na Colômbia ao cônsul colombiano que mantém escritório em Porto Abadia.         Embarco a moto em uma chalana (tipo de um barco de madeira, grande) e lá me vou no rumo de Capugana, e em 50 minutos eu já estava em território colombiano. A cidade é uma graça, resolvo dormir ali e não seguir para Acandi. A moto é carregada para o hotel por dois dólares, me apresento a policia colombiana que carimba o meu passaporte. No dia seguinte vou para Acandi, lá chegando a lancha que faz Acandi x Turbo esta lotada e não leva a minha moto. Coloco a moto em cima de uma carroça e sou levado ate uma pensão que me custou 5 dólares e o meu jantar é Centolla, de quase dois quilos (espécie de siri gigante que da em grandes profundidades) que me custou mais 3 dólares.          Pela manhã a carroça vai buscar a moto e as minhas tralhas no hotel, o que me custou mais 5 dólares pelo transporte e o embarque. A lancha tem dois motores de 200hp, anda a mais de 80km por hora e isto no mar é uma ignorância, em menos de duas horas já estamos em Turbo. A travessia custou 50 dólares (eu e a moto), ai paguei mais 2 dólares para desembarcar e mais 3 dólares para que um dos carregadores me ajudasse a montar a moto. Pois inteira ela não entrava no barco já que é muito alta. Em menos de uma hora a moto já estava montada em cima do cais e foi ai que veio o problema...a moto não passava na portaria de saída do cais, ai o jeito foi passar ela por dentro do restaurante, e o melhor da historia é que ate mesmo o dono do restaurante gostou de ver aquele moto enorme, como ele mesmo disse, passando em meio as mesas.          Saio dali e vou no banco sacar dinheiro e resolvo rodar, são duas horas da tarde e ate Arboretes são 147km de chão em estrada ruim, dali pego asfalto ate Cartagena ou tenho que ir para Medellín, quando resolvo ir por medellín as pessoas me dizem que a estrada é boa , etc. só que o único problema é que a estrada esta fechada pela Guerrilha a mais de 4 meses e que ninguém passa. E isto eu confirmei com a própria policia e também com os caminhoneiros, enfim, todos tem que enfrentar estrada de chão, só que agora por onde eu vou tem os paramilitares que também não são muito bonzinhos não...         Diversas vezes no meio do caminho fui parado pelos paramilitares que me fizeram todo os tipos de perguntas, mas que não revistaram as minhas bolsas e nem pediram documentos, alias, somente uma vez me pediram documento para ver se eu era brasileiro, pois ele achou que eu estava me expressando bem em Espanhol, e eu ainda falei a ele que ele não tinha me visto falar em Inglês ainda! Quando eu contei a historia dos EUA, que eu não falava nada de Inglês, etc...todos riram muito. Um pouco antes das 20:00hrs cheguei a cidade e procurei por hotel. E depois sai para beber com um cara que é engenheiro agrônomo e ali vim saber que a nossa EMBRAPA da muita assistência técnica aos países da América do sul. Arboretes com certeza tem as mais belas mulheres da Colômbia por metro quadrado (ou é a carência chegando no ponto critico). Lá pelas 23:00hs cai uma chuva torrencial e corremos para o hotel, não foi desta vez que eu coloquei o velho esqueleto para dançar salsa (será que eu agüento?).          Saio do hotel debaixo de chuva, e as 14:00hs entro em cartagena depois de passar por uma das regiões mais perigosas da Colômbia. Eu não sei o que se passa comigo, não sei mais o que é medo, estou viajando em uma paz de espírito tão grande que parece que sou dono do meu destino, em cartagena fico no mesmo hotel e o mesmo esta debaixo d´água (literalmente), pois choveu muito e a cidade esta toda alagada. Viajei durante 8 horas debaixo de chuva.          Segunda-feira vou ate o consulado da Venezuela, e eles querem me cobrar 50US$ pela moto e eu, não pago e me mando para a cidade de Barranquilla, lá não acho pneu para a moto. Passo por Santa Marta e desisto de consertar esta cidade que dizem ser mais linda que cartagena, vou dormir em Repincha e ali pego visto de turista para entrar na Venezuela. ( não havia necessidade nenhuma disto perdi meu tempo, o Brasil já possui convênio com a Venezuela e aqui podemos entrar e sair sem muita burocracia.)         Chego na fronteira da Colômbia com a Venezuela, o passaporte é rapidamente carimbado, a moto esperei uma hora para sair o documento (não pago nada). E Lá me vou...          Nos primeiros 100km sou parado por 8 vezes, na primeira vez toda a minha bagagem foi revistada, usando ate mesmo cão farejador, só que o coitado do pobre animal queimou o focinho. Depois de terem revistado tudo eu perguntei : “ Era droga que os senhores estavam procurando?”, pois se tivessem falado antes eu tinha dito que no Brasil tem mais droga que a Colômbia e que não precisamos vir ate aqui para buscar, inclusive por telefone, em uma espécie de pó-delivery. Os caras não gostaram muito e antes que o caldo engrossasse eu fui já mostrando a carteira de jornalista (colaborador da Revista Duas Rodas), eles ficaram putos por que o cão queimou o focinho e eu perguntava a eles se eles não sabiam que uma moto tem vários pontos quentes..quando saio dali sou parado mais uma vez, antes de parar na cidade de Venado, onde passo a noite.          No dia seguinte, saio no rumo de Caracas. Na Costa Rica, na BMW de lá, alem do Marcos, que é gerente lá, ter me oferecido para trocar os pneus ainda deram uma revisão na minha moto. Todas as peças que ele não tinha lá ele pediu a BMW América do Sul que enviasse para a BMW em Caracas. Chego a Caracas com a moto acionando direto o ventilador do radiador, a dias que ao entrar nas cidades ele liga direto a ventoinha, checo a água do radiador e esta no nível. São 15:00 hs quando chego a Caracas e sou recebido com muita festa. Me vendem pneus Michellin , trocam os retentores da bengala (em garantia) e trocam também o rolamento da mesa do guidom, que estava todo comido, eu só paguei o óleo e o filtro. Alem de um bom desconto em todas as peças, o que saiu mais barato do que nos Estados Unidos. Fico em um motel próximo a concessionária e no dia seguinte pela manha a moto já esta pronta, custo total da brincadeira foi de US$430. Mostro a eles o nível da água e eles confirmam que o reservatório engana o nível da água , então eles abrem o radiador e mostram que esta faltando água. A moto sai de Caracas sem acionar a ventoinha.          Quando eu falo que nos Estados Unidos eu nunca teria BMW....Aqui, cheguei e fui atendido com preferência, alem de me pagarem um almoço, me levaram e me buscaram no hotel e ainda me deram uma viseira nova para o meu capacete que Lá custava US$22. VIVA AS BMW´S DOS PAÍSES SUB DESENVOLVIDOS!!!!!!!!! Que além do respeito a marca trabalham usando a emoção no atendimento. A Bmw vai ter que copiar as autorizadas da Harley, que são Only Harley.          Vou dormir perto de lá Cruz, tento entrar em contato com um amigo do Rui Bittencourt e não consigo. Vou ou não a Isla Margarita, eis a questão. Resolvo não ir, tenho pressa. Depois de rodar 850km dentro da Venezuela, paro para dormir em uma cidadezinha que só trabalha com ouro, na cidade todos são joalheiros. Compro um anel para minha filha e um para minha mulher.          Na manhã seguinte, antes de sair checo a água do radiador e esta faltando mais ou menos um copo d´água, e usando um pequeno espelho descubro um vazamento na bomba.         Agora 430km me separam da fronteira do Brasil, a estrada é boa e a gasolina melhor ainda, e o preço é o melhor do mundo, US$0,10 (dez centavos de dólar). As 13:00hs entro em Santa Helena, abasteço a moto pela última vez dentro da Venezuela, com um dólar eu enchi o tanque. Passo pela fronteira da Venezuela e dou continência ao guarda que fica embasbacado olhando sem entender nada.          Estou deixando a Venezuela sem dar saída, pois tenho 180 dias para minha moto rodar neste país e não quero mais perder tempo com fronteira e meu passaporte já não tem mais lugar para carimbos, e minha paciência de monge tibetano ficou algumas fronteiras para traz.         Já do lado do Brasil não tem ninguém na fronteira e o passe é livre, isto porque dizem que o mundo esta em segurança máxima, este é o meu Brasil....         Logo depois passo pelo ultimo controle da Policia Federal e esta me para, e fez um gesto para que eu tirasse o capacete..Eu não me contive e soltei : “ Do you speak English?” e o policial timidamente respondeu : “ No”. Ai eu já respondi : Então vamos falar em Português mesmo!! E emendei : POSSO ENTRAR???          E contei um pouco da minha história e o fato de não falar Inglês e que isso era só uma vingança por achar mais uma pessoa que não falasse o idioma.         Entro no Brasil gritando : “ CHEGUEI CAMBADA DE FILHA ......Cadê o Jader Barbalho? Salvatore Cacciola?Toninho Malvadeza?Os anões do orçamento?O Juiz Nicolau?Aquele ex-presidente do banco central?. Será que este meu Brasil mudou muito?com certeza só deve ter aumentado o numero de ladrões, e falando em ladrão como será que anda o seu Pitta e o seu Maluf?          Esqueço esta corja que mantém meu país dopado para que este gigante não acorde. Agora o meu pensamento se vira para o Henrique e para o Arturo, o Arturo eu procurei ele na Costa Rica e ele estava viajando, mesmo com aquela enorme Harley Davidson ele chegou ao Alasca, rodando mais de 14.000km e na volta ele fez alguns atalhos para chegar mais rápido e deve ter feito mais uns 10.000km Arturo muito obrigado pela companhia, mesmo que só de ida. Do Henrique, que eu nem sequer briguei com ele, fico me questionando porque ele nunca sequer me mandou nenhum e-mail???pelo menos para saber como eu estava. Agora que estou no Brasil vai ser fácil ligar para ele, afinal levamos 8 meses planejando esta viagem, mantínhamos contato por telefone quase que diariamente.          Agora já rodando, no rumo de Boa Vista, a estrada é só buracos e o calor é sufocante. Chegando em Boa Vista eu vou ate o Banco do Brasil, vejo meu saldo e ainda é positivo, pelo menos da para chegar ate o Ushuaia. Nesta viagem no primeiro balanço, vejo que US$15.000 do Tio Sam já se foram, embora se eu tivesse que gastar o dobro eu iria do mesmo jeito. VALEU!! To mais pobre, mas com o espírito de um guri que acabou de ganhar sua primeira bola, e já posso gritar aos quatro ventos : “ PONHA FOGO NESTE FEIJÃO QUE EU JÁ ESTOU DE PRATO NA MÃO”.         Entro em Cara Carai, uma cidade depois de Boa Vista, o melhor hotel da cidade esta lotado, fico conversando e vejo que esta tendo uma festa de iniciação da maçonaria local, vou direto a festa e Lá me apresento, como churrasco, bebo cerveja Brahma ate as duas da madrugada, bato varias fotos com meus irmãos. Deixo uma entrevista pronta, pois na festa havia um jornalista de Boa Vista.         Acordo com uma p.ressaca, pago R$30 reais pelo hotel, que alem de ar condicionado tem um belo café da manha, acho que com meu dinheiro vai dar para rodar mais uns 3 meses, e agora que vejo como as coisas são baratas no Brasil, coca-cola é 0,50 centavos de real, Lá fora era um ou ate dois dólares.          Chego em uma rotatória e vou reto, me perco. O incrível aconteceu, rodei sozinho dentro do Canadá e Estados Unidos sem falar o diabo do Inglês e nunca me perdi, agora aqui nesta cidade onde só tem duas estradas eu consegui a proeza de rodar 70km no rumo errado, e o pior de tudo que o sol aqui é escaldante, e eu com a minha roupa de gorotex, luvas, etc..deu vontade de bater na minha própria cara. Rodei mais 155km, a estrada entre Cara Carai e Manaus só tem crateras, pois não são mais buracos. Não consigo chegar a Manaus e durmo em Presidente Figueiredo, a 107km de Manaus.         Não sou doido de me matar dentro de uma cratera desta..se durante o dia eu quase arrebentei os amortecedores da moto de novo, imagine a noite. Acordo as 6:00 e as 8:00hs já estou na casa do meu primo Edson. Nestes últimos quilômetros não havia nenhum buraco na estrada, assim como Canja de Galinha, precaução nunca matou ninguém.          Almoço na casa da minha filha, e a tarde dou entrevista para a TV Amazonense, TV Rio Negro e uma filiada da Rede Globo. Também já tenho entrevista com o Jornal A Critica de Manaus, e tudo isso arranjado pelo Rui, dos Mercenários do Amazonas, que é um dos maiores grupo de moto de Manaus.         Cheguei a Manaus na segunda-feira, dia 07 de Outubro, e no dia 8 minha moto já estava indo de barco para Belém em uma balsa que o Rui arranjou para mim, e tudo ido de cortesia.          Eu digo que o Rui é o anjo da guarda de todos os motociclistas que passam pelo Amazonas. Na minha outra viagem, que eu passei por aqui com a BMW GS1.100 ele também me deu muita força, naquele ano ate conserto da moto foi gratuito.         Hoje quinta-feira, dia 11 de Outubro já estou comendo o feijão, no sábado vou pegar a moto em Belém e vou tocar no rumo de Fortaleza. Lá tenho amigos, em Natal o Macran, em João Pessoa, o pessoal do Rota do Sol, acho que no Nordeste vou dar uma relaxada no esqueleto que trocou Cancun, Isla Margarita e tantos outros centros turísticos pelo nosso grande nordeste.         Pena que nos brasileiros não sabemos vender o nordeste turístico ao mundo, a única coisa que fazemos é dar as riquezas do Brasil a grandes potências, ou seja, sempre vamos ser pobres e bonzinhos.  



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